Psicóloga - Ipatinga TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

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Dor Crônica e Psicoterapia

17/02/2016 15:46

 

A dor física afeta a pessoa no seu contexto biopsicossocial, interferindo na sua capacidade produtiva. Pode acarretar incapacidade temporária ou permanente para o trabalho, as atividades da vida diária e a participação social.

A dor pode ser classificada em aguda e crônica.

A dor aguda é um sintoma de alerta, sendo transitória e relacionada a trauma, infecção ou inflamação. Já a dor crônica é um processo de longa duração e que persiste além do tempo necessário de cura, sendo uma causa de incapacitação de quem a vivencia.

A Associação Internacional par o Estudo da Dor (IASP) define dor como uma experiência sensorial e emocional desagradável.

Sendo então  uma experiência física e emocional,  a dor tem um caráter subjetivo  provocando respostas ansiosas por funcionar como um alerta de que algo está errado desencadeando reações de luta e fuga. Quando a dor é persistente promove respostas depressivas no individuo.  Isto por que o sofrimento inicial que não encontra uma resposta de melhora do quadro doloroso gera sentimentos de desesperança e medo.

Tem-se evidenciado uma frequente associação entre dor crônica, depressão e transtorno de ansiedade. É comum as pessoas com dor crônica se nomearem deprimidas, pois associam sua tristeza às restrições vividas pela dor. A ansiedade pode estar associada a comportamentos disfuncionais que geram prejuízos sociais, emocionais e funcionais.

Tanto a depressão quanto a ansiedade precisam ser tratadas,  e as vezes até medicadas, independentemente do quadro de dor.

O Psicólogo tem um olhar biopsicossocial sobre o fenômeno doloroso porque entrelaça a cognição, a emoção e o comportamento diante dessa dimensão do físico.

O objetivo da TCC no tratamento do paciente com dor crônica é:

- identificar as suas crenças disfuncionais relacionadas ao processo álgico,

- auxiliar na capacidade de avaliar os pensamentos e sentimentos negativos em relação ao processo da dor que provocam a manutenção de comportamentos inadequados,

- reestruturar as crenças,  comportamentos e atitudes disfuncionais diante do adoecimento,

- encorajar uma direção para busca de novas estratégias comportamentais  e uma percepção mais funcional diante do seu quadro álgico,

- e desenvolver recursos para aprender a lidar com a cronicidade da dor.

A pesquisa realizada por Cano e colaboradores  mostrou que as crenças dos pacientes sobre sua dor estão relacionadas com a regulação da dor e os resultados do tratamento.

Pacientes com dor crônica tendem a apresentar respostas catastróficas diante do quadro de dor, fazendo com que aumente a intensidade da dor.

As principais crenças que atormentam o paciente com dor crônica são:

- encontrar-se em um estado sério de saúde e debilitante,

- não tem controle sobre a dor,

- a dor é uma desculpa aceitável para negligenciar as responsabilidades profissionais, pessoais e sociais,

- nenhum tratamento pode ser aplicado,

Para um resultado efetivo no tratamento do paciente que sofre de dor crônica se faz necessário um trabalho multiprofissional com uma perspectiva interdisciplinar. Não basta a união de vários especialistas. É necessário um processo coletivo de conhecimento, um sistema coordenado e cooperante, com discussões sobre a ação, de uma forma avaliada e planejada.

 

A intervenção da Terapia Cognitivo Comportamental no tratamento de pessoas com dor crônica

 

1 - Psicoeducação : A intervenção inicia-se com a psicoeducação sobre a TCC e a dor crônica. Esse é um importante por possibilitar que o paciente compreenda o caráter subjetivo da dor e as diferentes implicações que a dor tem para cada um. Assim o paciente tem a possibilidade de compreender o que aumenta e o que diminui sua dor, possibilitando que ele identifique, questione e modifique comportamentos e pensamentos disfuncionais.

2 - Automonitoração : O paciente é instruído a fazer registro, através de uma tabela, da intensidade da dor, a identificação do seu estado de humor, os medicamentos utilizados, a qualidade do sono e as atividades desempenhadas ao longo do dia. O objetivo dessa  automonitoração é a compreensão real de sua vivência cotidiana para que possa modificar hábitos rotineiros, pensamentos e sentimentos disfuncionais.

3 - Registro de Pensamentos Disfuncionais: Tendo conhecimento da Tríade Cognitiva ( evento gera um pensamento que nos remete a um sentimento e então define o comportamento.) o paciente tem a possibilidade de identificar e reconhecer a forma distorcida de seus pensamentos frente aos fatos vivenciados e perceber os sentimentos que esses pensamentos provocam,  reconhecendo as atitudes que tem tomado diante desses pensamentos e sentimentos.

4 - Treinamento em Resolução de Problemas : essa é outra técnica utilizada.  O paciente é estimulado a identificar o problema, considerar todas as soluções possíveis, encontrar a viabilidade de cada solução, escolher uma alternativa, definir os passos para a solução escolhida, executar a solução e avaliar a efetividade da solução.

5 - Utiliza-se também outras técnicas como Técnica da Distração ( retirar o foco da sua dor) Técnica da Assertividade (mudar a forma como o paciente se vê) e Relaxamento Muscular Progressivo (identificar os sinais que disparam a dor).

O importante é que o indivíduo possa se compreender de forma assertiva dentro do contexto dessa vivência com a dor crônica.

 

 

 

BOTTEGA, F.H., & Fontana, R.T. (2010). A dor como quinto sinal vital: utilização da escala de avaliação por enfermeiros de um hospital geral. Texto & Contexto-Enfermagem, 19(2), 283-290.

CANO, A., MILLER,LR., & LOREE,A. (2009). Spouse beliefs about partner chronic pain. The journal of pain: official journal of the American Pain Society, 10(5), 486-492.

CONCEIÇÃO, M.J. (2012) Desafios na pesquisa de dor. Revista Brasileira de Anestesiologia, 62 (3), 287-288.

MERSKEY, H., & BOGDUK, N (1994). Classification of chronic pain: descriptions of chronic pain syndromes and definitions of pain terms. (2nd ed.). Seatlle:IASP Press.