Esse artigo fala sobre concentração e ansiedade na pratica de um esporte que tem se tornado cada vez mais popular e recebendo um elevado numero de atletas amadores: a corrida
Mas antes é preciso teorizar um pouco para que você, corredor atleta ou amador como eu, possa usufruir das dicas que estarei passando.
Vou começar explanando sobre a atenção.
Atenção é o que elegemos como prioridade na nossa percepção, em nosso foco.
Vou abordar4 tipos de foco de atenção: temos
A atenção interna: dirigida ao interior para pensamentos e sentimentos
Atenção externa: dirigida externamente para objetos e estímulos.
Atenção ampla: quando percebemos e processamos diversos estímulos simultaneamente
Atenção estreita: perceber apenas um ou dois estímulos
A atenção sempre precede a concentração.
Com isso é possível prestar atenção a uma informação sem estar necessariamente concentrado nela a ponto de estar desligada de todo o resto.
Já a Concentração é a capacidade de manter o foco de atenção sobre os estímulos relevantes ao meio ambiente.
Durante a execução de tarefas ou prática de um esporte, que é o objetivo desse artigo, podem ocorrer fatos que interferem na concentração.
- a mudança do ambiente pode gerar uma mudança do foco de atenção;
- pensamentos irrelevantes, podem aumentar a frequência de erro;
- pensamentos intrusivos, podem causar distração e até mesmo desestimular o atleta.
Então a direção da atenção pode ser centrada na pessoa: que é uma atenção interna, sobre as próprias percepções, sentimentos e pensamentos.
E pode ser no ambiente, que é uma atenção externa, voltada aos estímulos a sua volta.
Dependendo do que se vive exige essa flexibilidade da direção da atenção.
No caso da corrida, que é uma atividade com movimento repetitivo e de longa duração, as dores surgem, o cansaço começa a atrapalhar, e o atleta passa a focar sua atenção nas sensações internas. Isso pode gerar pensamentos de fuga por trazer desconforto.
Então ele precisa se manter concentrando, flexibilizando a direção da atenção, para que as sensações internas não atrapalhem seu desempenho. É como blindar esse pensamento intrusivo que é contrário a sua performance.
Com isso o atleta pode criar estratégias para não estar com a atenção interna naquele momento, flexibilizando – a para uma atenção externa, por exemplo.
O que ele irá utilizar é o mecanismos de se ausentar-se internamente daquele momento que gera muito cansaço, dor ou qualquer outra sensação de desconforto.
Ele pode criar focos de atenção externa como, por exemplo, pequenos trechos para completar o grande percurso. E a estratégia mental é você pensar apenas no próximo quilômetro.
Alguns gostam de correr ouvindo música. Essa é uma outra estratégia mental como uma espécie de fuga do momento. Esquecer que está ali, desligar-se dos pensamentos intrusivos e deixar ir. A técnica do movimento já está no automático e assim o atleta pode se “deslocar” daquela vivência e acabar percebendo depois que já se passaram 30 minutos.
Durante a corrida tem-se a flexibilidade da direção da atenção e concentração constantemente.
Esses pensamentos intrusivos podem gerar também a ansiedade. A ansiedade pode atrapalhar a economia do rendimento esportivo, que é o atleta obter máximo de rendimento com o mínimo de esforço.
É preciso regular o estado emocional do atleta para evitar tensão deixando-o com nível de ativação e energia interna que ele precisa. O “combustível” do atleta não pode acabar antes da hora. Às vezes ele começa a acabar muito antes do momento da competição, chamado APC (Ansiedade Pré Competição).
Um exemplo que ilustra o APC seria o de um carro que foi deixado ligado na garagem na noite anterior da viagem. Esse fato irá fazer com que o carro não tenha combustível suficiente para chegar ao destino porque gastou parte dele antes de iniciar o percurso.
É essa ativação interna que precisa ser trabalhada antes da competição.
Ficar pensando nos momentos passados ou futuro atrapalha a concentração e pode gerar ansiedade.
O psicólogo tem instrumentos adequados para esse trabalho que se baseia em abordar as causas da ansiedade. Podem ser utilizadas técnicas cognitivas de relaxamento e psicoterapia para trabalhar os fatores cognitivos da representação, do sentindo e significado dessa ansiedade. Com isso o atleta consegue frear esse desagaste de energia que será necessário para a competição.
O dialogo interior do atleta pode ser positivo, aumentando a autoestima, a motivação e o foco de atenção, ou negativo, quando o pensamento é autodepreciativo, critico em excesso, produzindo ansiedade e prejudicando a concentração.
O psicólogo irá buscar a mudança dos pensamentos automáticos e crenças internas que estejam atrapalhando.